Sinopse:
"O Espinho é uma figura lendária: um espadachim imbatível, um
especialista em roubos vultosos, um fantasma que atravessa paredes. Metade da
excêntrica cidade de Camorr acredita que ele seja um defensor dos pobres,
enquanto o restante o considera apenas uma invencionice ridícula.
Franzino, azarado no amor e sem nenhuma habilidade com a
espada, Locke Lamora é o homem por trás do fabuloso Espinho, cujas façanhas alcançaram
uma fama indesejada. Ele de fato rouba dos ricos (de quem mais valeria a pena
roubar?), mas os pobres não veem nem a cor do dinheiro conquistado com os
golpes, que vai todo para os bolsos de Locke e de seus comparsas: os Nobres
Vigaristas.
O único lar do astuto grupo é o submundo da antiquíssima
Camorr, que começa a ser assolado por um misterioso assassino com poder de
superar até mesmo o Espinho. Matando líderes de gangues, ele instaura uma
guerra clandestina e ameaça mergulhar a cidade em um banho de sangue. Preso em
uma armadilha sinistra, Locke e seus amigos terão sua lealdade e inteligência
testadas ao máximo e precisarão lutar para sobreviver."
Comentando...
Não é à toa que Scott Lynch
recebeu o prêmio de Melhor Revelação do British FantasyAward e foi finalista do
World FantasyAwardpor este livro.
Por ser o primeiro livro da série
“Nobres Vigaristas” (que conta com 7 volumes), somos bombardeados com um grande
volume de informações, de modo a sermos
introduzidos no contexto da trama e entendermos como se parece e funciona o
mundo de Locke. Toda essa “construção mental” faz com que a leitura não seja
das mais fáceis, com muitos nomes e termos novos para
aprender, mas vale o esforço.
Gostei muito da narrativa do
autor, principalmente no que diz respeito aos saltos temporais na construção da
trama. É como assistir a um filme, onde voltamos ao passado e vemos um pouco do
que aconteceu, antes de prosseguir no momento presente. No final de cada
capítulo temos o que o autor chama de “Interlúdio”, onde voltamos à infância de
Locke e descobrimos como ele aprendeu o que sabe e como conheceu os demais
amigos. Duas linhas de tempo paralelas e alternadas. Creio que não seria tão
bacana se fosse contado na ordem cronológica.
Apesar de serem ladrões e viverem
à custa do roubo, Locke e seus amigos são cativantes, desde o pequeno Pulga, ao
corpulento Jean, aos gêmeos Calo e Galdo, até o pilantra do Padre
Correntes. É difícil não gostar deles,
principalmente de Locke, cuja inteligência e habilidade para o negócio
surpreendem até mesmo o leitor, com reviravoltas nos golpes e desfechos
inusitados que a gente nem consegue imaginar e pensa “Caramba! Como ele fez
isso?”. Embora Locke seja caracterizado como um homem mediano, nem
bonito nem feio, é quase irresistível imaginá-lo como alguém um tanto mais
charmoso... Que tal?
Para entender o cenário da cidade
de Camorr, podemos imaginar uma Veneza antiga, cortada por diversos rios e
canais,permeada por névoa e com aquele aspecto insalubre da Europa medieval.Apesar das semelhanças, a cidade tem a magia única de alguns elementos criados
pelo autor, como as luzes alquímicas, o Vidrantigo (uma misteriosa espécie de
vidro iluminado presente em construções), o brilho da Falsaluz a cada pôr do
sol, as Cinco Torres (presente na capa da versão dos EUA). Entre vários
elementos, línguas, povos e bairros descritos com tantos detalhes que é possível
imaginar que o mundo de Scott Lynch realmente exista em algum lugar por aí.